quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dia trigésimo

Não sei começar estórias, não sei dar-lhes um fim. Vejo-as acontecer, tenho a palavra a postos, na ponta da língua. Mas novamente, meu fim não é meu. Não é de mim. Era cinzenta, a minha saudade, no principio e no fim, e é tudo o que sei; e não preciso saber mais. O meu sorriso é minha cor, e já existe, sempre existiu. Mas és tu quem o escreve, e quem o escreve o descobre e dele é dono. E a noite chegou, para reclamar o que é seu e o descobriu no sábio palavreado de um olhar. Estou entregue. E os dias terão noite, e a noite é um segredo que não se consegue contar, mesmo que se tente.

Dia vigésimo nono

Ás vezes, até um estigma merece um abraço. O estigma de ser o último, de ser a derradeira barreira, de ser o nada antes de tudo, de ser tudo o que há a suportar até que nada haja entre um dia e a noite que se lhe segue. Ás vezes, é fácil odiar o tempo. Mas o tempo é como um barco que odeio porque te leva para lá dos rios, e amo porque te traz na maré forçada dos velhos motores. É fácil odiá-lo, mas há que não perder de vista quanto amor lhe devo. Se aprendi a estar em paz com o tempo nos dias das diversas luas que acompanharam e abandonaram ao caminho, aprenderei a amar uma noite por ser a última em que não te vejo o sorriso estrelado.